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A prática do jo e do bokken

Por CHRISTIANA BEZERRA CAVALCANTI


Mestre Noro sempre priorizou a prática das armas da cavalaria japonesa e nos transmitiu o espírito de paz e evolução contido nela. Então, desde que iniciei meus estudos com ele, em 1990, sempre tive aulas de jo e de bokken; depois de três anos, me tornei hakama e sua discípula.

Entendendo a importância do contato com o jo e o bokken, priorizei horários regulares nos quais meus alunos interessados pudessem também receber esses ensinamentos. Durante a pandemia de covid, estes instrumentos nos foram e continuam sendo parceiros indiscutíveis e preciosos, e com a introdução e o aperfeiçoamento dessa arte de movimento, estamos transformando e criando novos espaços, sentindo mais abertura e flexibilidade no corpo e, consequentemente, na vida, nos nossos movimentos. Esta prática também nos ajuda no desbloqueio energético, dinamizando a energia do coração e deixando que tensões e ego se dissolvam, na medida em que criamos intimidade e evoluímos dentro dessa linguagem.



In: Roumanoff, Daniel. La Pratique du Kinomichi avec Maître Noro. (Prefácio de Masamichi Noro. Fotos de Claude Lê-Anh). Coleção L´Homme Relié (dirigida por Gilles Farcet). Ed. Criterion, Paris, 1992. (tradução de Christiana B. Cavalcanti).


OS NÍVEIS DE INICIAÇÃO

D. A prática do bastão (jo) e da espada (bokken)

Os exercícios de bastão (jo) e espada (bokken), ou sabre, podem ser praticados individualmente e com um ou vários parceiros.

À primeira vista, esses exercícios não parecem se diferenciar das artes marciais, mas algumas sessões de prática nos permitem distinguir claramente sua especificidade e ver como eles ajudam a iluminar certos aspectos fundamentais dos movimentos de Kinomichi: contato, alongamento, respiração, espaço...

Segurar a madeira do bastão ou da espada nas mãos permite o contato com um material que, embora não seja o corpo ou as mãos do parceiro, permanece vivo, inclusive, permite superar certa relutância em “tocar o outro”. contato permite experimentar a passagem da energia de dentro para fora e sentir como ela se propaga em espiral pelo espaço.

Este movimento de energia é inseparável da respiração. É a respiração que, por sua regularidade e profundidade, dá ritmo ao movimento, lhe traz extensão e permite a percepção harmoniosa do espaço. A energia passa pelo bastão e pela espada sem neles se estancar, seguindo em uma espiral “até o infinito”.

O bastão e o sabre têm especificidades próprias. Com o bastão, tudo é fluido, está sempre em movimento, em curvas e de forma arredondada, por isso mais feminino. O sabre é mais esculpido, orientado no espaço, afiado e, portanto, mais masculino.

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